quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Ainda Sobre o Retorno a Jampruca... * Angela Matos - MG

Ainda sobre o retorno à Jampruca...


Fico olhando e vendo como a simplicidade faz morada neste lugar.São tantos compartilhamentos...tudo é dividido entre a família. Cada um vai chegando com um pouco...brilho e sorriso fácil;  tudo parece tão mais simples!
Quebro a cabeça me perguntando onde foi que desviei.Em qual encruzilhada errei a saída. 
Tudo se tornou complicado,  difícil...
As brincadeiras de roda ficaram no passado, o pique-esconde, a brincadeira de passar o anel...
Era bem pequena,  curiosa também. Aprendia ou tentava entender tudo wue via pela frente.Aprendi a fazer crochê olhando a visinha, até  que um dia ganhei  uma agulha de uma tia que tinha chegado do Rio de Janeiro.
Presente raro...e junto vieram algumas linhas, coloridas.
Tudo lindo.Fiquei apaixonada.
Em três dias já tecia com exatidão.
Sapeca , mas tinha interesse em aprender.
Conseguia como ninguém,  trabalhar e correr para a brincadeira.
Fazia roupinhas para as bonecas.De pano, de crochê ou qualquer retalho que encontrasse.
Daqueles que caíam da maquina de costura de minha mãe. 
Saudades...muitas...
Infância que se foi...suspiro! Suspiro!  Suspiro!!!
Travessuras tinham demais e a escola era o momento ímpar para mim.Rever as professoras que eu tanto admirava.Sonhava  um dia ser uma igual.Bem igual...Nada mudou meu sonho...
As ruas empoeiradas sujavam o uniforme , que já gasto ainda mantinha sem se rasgar; apesar de usado por todos os anos.À medida que se crescia a bainha da saia ia sendo refeita...coisas de antigamente; quando tudo parecia mais difícil.
Porém,  difícil mesmo era chegar ao término do ano sem desistir.
Longas caminhadas, lutas travadas.No entanto, nada tirava o encanto e a inocência daquela infância feliz.
Dias corridos entre  os dias de semana  e os domingos. Não me lembro de oivir sobre fia útil...mas "dia de semana",assim dizia minha avó. 
Quem faltava à missa matutina já tinha castigo tratado; não poderia comer do macarrão caseiro e menos ainda comer doce de leite.
Tudo tinha uma importância demasiadamente   importante...
No fundo do quintal da casa de vovó passava um rio...Rio Itambacuri...às vezes quando pescava vinham uns lambaris ou fincudos.Pequeninos, quase transparentes...
Suspiro!!!
Novamente vêem em mim estes momentos...raros de pura nostalgia. 
Saudade da criança que passou, da infância e tudo que poderia ter sido,  e mais que tudo...vontade de prosseguir.
Apesar de dores e desamores...saber que valeu cada arranhão, cada marca de rasgo nas cercas de arame farpado.Cada escorregão   no terreiro, na vida...Cada  suspiro dado por algo que nao chegou a acontecer...
Agora olhando para a estradinha, uma semi- pista bem mal- feita e estreita...perigosa.Vejo que tudo valeu, a vida seguiu seu ciclo...
Fica no peito a vontade de voltar, na alma o desejo de terminar o sonho.E finalmente ...
No coração a certeza 
De estar no lugar certo e no momento único de sonhar a felicidade simplesmente!

Pássaro Ferido

08/08/17
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